Zap Energy Dispara Jatos de Plasma com a Intensidade de um Raio a Cada Cinco Segundos em Teste de Engenharia que Deliberadamente Evita a Fusão

Por
Lea D
7 min de leitura

Um Raio Engarrafado: Como o Esforço Contínuo da Zap Energy Poderia Transformar a Fusão

Um salto de vinte vezes na potência sustentada parece impressionante — mas a verdadeira história está no que a empresa não está dizendo.

EVERETT, Washington — Dentro de uma câmara de vácuo não muito maior que um aquecedor de água residencial, a Zap Energy tem perseguido silenciosamente um objetivo que raramente ganha as manchetes no mundo da fusão: fazer as partes menos atraentes funcionarem, e fazê-las funcionar sempre.

Hoje, a startup privada de fusão revelou que sua plataforma de testes Century agora opera a 0,2 Hz — um pulso de plasma a cada cinco segundos. Cada pulso canaliza 500 quiloamperes de corrente para uma câmara revestida com bismuto líquido circulante. A máquina sustenta 39 quilowatts de potência direta na câmara, um salto vinte vezes maior em relação a onde estava em 2024.

No entanto, ausente do anúncio está a palavra que os entusiastas da fusão adoram ouvir: avanço. A Zap não está reivindicando ganho líquido de energia, condições de plasma recordes mundiais, ou nem mesmo a própria fusão. O Century funciona com hidrogênio ou hélio simples, não com a mistura de deutério-trítio que alimenta reações de fusão reais. Nenhum nêutron é liberado. Nenhuma energia é multiplicada.

Essa contenção pode ser a parte mais reveladora da história.


Uma Máquina que Ataca Como um Raio, Repetidamente

Pense da seguinte forma: cada pulso de plasma carrega cerca de vinte vezes a corrente de um raio, espremido em um espaço que caberia dentro de um eletrodoméstico de cozinha. Um circuito líquido empurra cerca de 1.130 quilogramas de bismuto pela câmara, movendo-se a velocidades e temperaturas que destruiriam materiais comuns. Para manter tudo equilibrado, um trocador de calor personalizado, refrigerado a ar, remove rapidamente 200 quilowatts de calor, enquanto eletrodos com ponta de metal líquido suportam o bombardeio desses pulsos maciços.

Desde sua entrada em operação em junho de 2024, o Century disparou mais de 10.000 vezes em várias configurações. Em fevereiro, o Departamento de Energia (DOE) aprovou uma campanha de três horas na qual a máquina produziu 1.080 pulsos consecutivos — um marco inicial sob o Programa de Desenvolvimento de Fusão Baseado em Marcos, de US$ 1,2 bilhão, do DOE.

A conquista parece deliberadamente modesta. Enquanto outros laboratórios e empresas apregoam ganhos recordes ou cronogramas agressivos, a Zap fala sobre sistemas de refrigeração de eletrodos e estabilidade de metal líquido. Não é o tipo de assunto para manchetes chamativas, mas é exatamente o tipo de detalhe que define o sucesso ou fracasso de uma futura usina de energia.


Construindo as Partes que Ninguém Vê

O vice-presidente de engenharia de sistemas da Zap, Matthew Thompson, disse claramente: "Os testes em condições reais do Century significam que já começamos a identificar e resolver muitos dos problemas tecnológicos comerciais mais difíceis." Observe a escolha das palavras — resolvendo, não resolvido. É um jogo de longo prazo.

O que o Century verdadeiramente demonstra é a integração. Ele reúne três tecnologias vitais para a fusão pulsada: sistemas de energia que podem disparar milhares de vezes sem falhar, paredes de metal líquido que absorvem calor intenso e eletrodos resistentes o suficiente para sobreviver a condições que nenhum material sólido poderia suportar.

Nada disso é glamouroso. Engenheiros lutam para entender como as forças de Lorentz ondulam o metal líquido, como impedir que o vapor de bismuto contamine o plasma, como capacitores de energia pulsada sobrevivem a disparos implacáveis e como os designs de eletrodos resistem à erosão ao longo de milhões de pulsos. É o equivalente em engenharia ao encanamento — bagunçado, essencial, invisível quando funciona.

Um artigo revisado por pares, publicado no mês passado na Fusion Science and Technology, detalha o projeto e os primeiros testes do Century, ressaltando a preferência da Zap por engenharia metódica em vez de sensacionalismo.

Por que Bismuto, e Por que Isso Importa

A escolha do bismuto para as paredes da câmara diz muito sobre a estratégia da Zap. O bismuto conduz eletricidade, protege superfícies e remove calor sem evaporar sob vácuo. Ele permite que pesquisadores explorem a hidráulica de metal líquido, a magnetohidrodinâmica e o gerenciamento de calor em condições próximas ao que uma usina real veria.

Mas o bismuto tem uma grande deficiência: ele não consegue gerar trítio, o isótopo radioativo que se une ao deutério para alimentar a fusão. Usinas reais precisarão de refrigerantes à base de lítio para isso. Assim, o Century contorna as questões espinhosas da produção de trítio, danos por nêutrons e regulamentação rigorosa. Na prática, é uma "caixa de areia" onde os engenheiros testam sob estresse os sistemas de "equilíbrio da planta", deixando as questões do ciclo de combustível para mais tarde.

Isso significa que o Century não prova diretamente o conceito de fusão da Zap — o Z-pinch estabilizado por fluxo cisalhante, que comprime o plasma com campos magnéticos gerados pela corrente que flui através dele. Para isso, a Zap usa uma máquina separada, a FuZE, que de fato produz nêutrons. O Century é sobre a estrutura, não a faísca.


A Competição Aquece

O anúncio da Zap chega em um momento em que a conversa sobre fusão está mudando. No ano passado, a Helion Energy iniciou a construção da primeira usina de fusão do mundo, financiada privadamente e conectada à rede, no estado de Washington, apoiada por um contrato com a Microsoft que aposta na eletricidade até 2028. A General Fusion, por sua vez, está construindo sua planta de demonstração LM26, com o objetivo de demonstrar ganho de fusão nos próximos dois anos.

Comparado com essas grandes promessas, o foco da Zap em subsistemas poderia parecer decepcionante. Mas na engenharia de metal líquido e na energia pulsada repetitiva, a Zap está silenciosamente provando que pertence aos principais participantes. Observadores da indústria sugerem que seu trabalho em paredes de metal líquido já pode superar o que a maioria dos programas públicos alcançou.

Ainda assim, no mercado atual, o mérito técnico não é suficiente. Investidores e clientes — especialmente data centers famintos por energia limpa e estável — se importam menos com bancos de capacitores e mais com contratos para entregar eletricidade. O setor de fusão atraiu US$ 9,7 bilhões em 53 empresas, com US$ 2,64 bilhões arrecadados somente no ano passado. O capital está seguindo as empresas que parecem mais próximas de se conectar à rede.


A Lacuna Entre Agora e a Rede

Os 39 quilowatts de potência da câmara do Century estão muito distantes dos megawatts — ou gigawatts — que usinas reais precisarão. Superar essa lacuna não é apenas uma questão de escalar; significa lidar com desafios fundamentais na física do plasma, materiais e projeto de sistemas.

Plantas comerciais precisariam de taxas de repetição de um a dez pulsos por segundo, mantidos por meses. Esse é um ambiente brutal para capacitores, interruptores e eletrodos. Os componentes que funcionam a 0,2 Hz podem se desgastar rapidamente a dez pulsos por segundo. E quando nêutrons de fusão real entram em cena, eletrodos e paredes se degradam de maneiras que ninguém resolveu totalmente.


O Que os Investidores Devem Observar

Para os apoiadores, o progresso do Century reduz o risco técnico para a fusão pulsada em geral. Ele demonstra que paredes de metal líquido e sistemas de energia repetitivos podem funcionar em escala significativa. Isso aumenta a confiança não apenas na Zap, mas em qualquer empresa que persiga ideias semelhantes.

Forças de mercado também inclinam a favor da fusão. Data centers, fábricas e concessionárias de energia estão desesperados por energia limpa e ininterrupta. Historicamente, leva de cinco a dez anos depois que uma nova tecnologia de energia se prova antes que os compradores se comprometam de forma significativa. Se os cronogramas de fusão se mantiverem, a década de 2030 poderá ser a década em que ela finalmente entrará no mercado.

Mas os investidores devem lembrar: o Century não responde às perguntas mais difíceis sobre materiais à prova de nêutrons, geração de trítio ou ciclos completos de combustível. As empresas que resolverem esses quebra-cabeças primeiro — e os demonstrarem em máquinas integradas — provavelmente terão as maiores avaliações.


Olhando para o Futuro

Os próximos passos da Zap são incrementais, mas importantes. Engenheiros planejam impulsionar o Century para taxas de repetição mais rápidas — talvez 1 Hz — e níveis de potência mais altos, ultrapassando 100 quilowatts, ainda com gases não-fusíveis. Isso lhes permite refinar o encanamento e a refrigeração antes de entrar em território de fusão.

Eventualmente, porém, a Zap precisará abordar refrigerantes de lítio, ambientes de nêutrons e manuseio de trítio. Até então, o Century permanece um campo de provas para as tecnologias menos glamourosas, mas absolutamente essenciais, que sustentam qualquer futura usina.

O setor de fusão está passando de projetos científicos para empreendimentos industriais. O sucesso dependerá menos de avanços na física e mais do trabalho árduo da engenharia — assinando contratos, obtendo licenças, construindo usinas. Quando a fusão finalmente iluminar a rede, não chegará em um único estrondo de descoberta. Virá do ritmo constante de milhares de testes, cada um empurrando a tecnologia para mais perto do dia em que o raio não apenas atinge — ele alimenta sua casa.

NÃO É ACONSELHAMENTO DE INVESTIMENTO

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