O Desprezo de Trump ao Nobel Desperta Temores de Retaliação Contra Nações Nórdicas

Por
Yves Tussaud
4 min de leitura

Preterição de Trump ao Nobel Gera Temores de Retaliação Contra Nações Nórdicas

A líder da oposição venezuelana María Corina Machado ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2025, deixando de lado a notória candidatura de Donald Trump e gerando alarmes na Noruega e na Suécia sobre uma possível reação de Washington.

Uma Vencedora Surpreendente e uma Reação Furiosa

Na sexta-feira, o Comitê Norueguês do Nobel anunciou que Machado, uma opositora de longa data do regime autoritário da Venezuela que agora vive na clandestinidade, receberia o Prêmio da Paz deste ano. O comitê elogiou sua luta incansável pela democracia e seus esforços para guiar a Venezuela rumo a uma transição pacífica da ditadura.

A notícia não agradou a Trump. Em questão de horas, a Casa Branca criticou duramente a decisão. O diretor de comunicação, Steven Cheung, acusou o comitê de “escolher a política em detrimento da paz” e insistiu que o ex-presidente havia “encerrado guerras, salvado vidas e intermediado acordos históricos”, como o cessar-fogo em Gaza.

María Corina Machado
María Corina Machado

A Pressão Incansável de Trump pelo Prêmio

Ao contrário de candidatos anteriores, Trump fez campanha abertamente pelo prêmio. Ele gabou-se repetidamente de “ter encerrado sete guerras” durante sua presidência e fez lobby junto a líderes estrangeiros para apoiar sua causa. Relatos sugerem que ele chegou a mencionar suas ambições pelo prêmio em conversas com autoridades norueguesas, incluindo discussões sobre tarifas com o Ministro das Finanças Jens Stoltenberg.

Antes do anúncio, Trump alertou que seria “um grande insulto à América” se ele fosse preterido. Aliados como o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e autoridades do Paquistão e do Camboja o nomearam, movimentos que, segundo analistas, provavelmente visavam cortejar o favor de sua administração.

Noruega Prepara-se para as Consequências

A preterição deixou os políticos noruegueses em alerta. Kirsti Bergstø, chefe do Partido da Esquerda Socialista, advertiu que Oslo deve estar “pronta para qualquer coisa”, apontando para a veia imprevisível de Trump.

Especialistas acreditam que Trump poderia retaliar de várias maneiras. Ele poderia impor tarifas mais pesadas às exportações norueguesas, exigir maiores contribuições para a OTAN ou até mesmo mirar no gigantesco fundo soberano da Noruega de US$ 2 trilhões, uma grande parte do qual está investida nos mercados dos EUA. Alguns temem que ele possa ir além, limitando os laços diplomáticos ou desestimulando as importações de energia da Noruega.

Suécia Pega no Fogo Cruzado

A Suécia, embora não esteja diretamente envolvida na atribuição do Prêmio da Paz, não está ilesa. Sua economia, fortemente dependente de exportações — onde as vendas internacionais representam mais da metade do PIB — já sentiu a pressão comercial de Trump. Em abril, ele impôs novas tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio suecos.

Autoridades em Estocolmo agora temem que ele possa expandir as tarifas para carros, produtos farmacêuticos e bens de engenharia avançada, setores nos quais a Suécia depende profundamente de compradores dos EUA. Embora o governo tenha participado de conversas da UE sobre possíveis contramedidas, ele está agindo com cautela para evitar alimentar uma guerra comercial mais ampla.

A História Oferece um Alerta

A Noruega já viu esse filme antes. Em 2010, quando o dissidente chinês Liu Xiaobo ganhou o Prêmio da Paz, Pequim congelou as relações diplomáticas e impôs sanções à Noruega por seis anos. O temor é que Trump possa adotar uma estratégia semelhante, usando a alavancagem econômica como punição.

Ele já mostrou que não hesita em aplicar pressão financeira quando os países o contrariam. A Noruega enfrenta atualmente uma tarifa de 15% sobre suas exportações para os EUA, e seu fundo soberano sofreu pressão para cortar laços com empresas ligadas a Gaza.

Independência do Nobel Encontra a Política Transacional de Trump

O Comitê Nobel insiste que suas decisões permanecem independentes. O presidente Jørgen Watne Frydnes observou que as campanhas de pressão não são novidade e não influenciam as deliberações. Ainda assim, essa distinção pode pouco significar para Trump, cuja política externa muitas vezes reduz as instituições internacionais a moedas de troca.

O Ministro das Relações Exteriores da Noruega, Espen Barth Eide, enfatizou repetidamente que Oslo não interfere nas decisões do Nobel. Mas com Trump, tais explicações correm o risco de cair em ouvidos moucos.

Altas Apostas para Pequenas Nações

As potenciais consequências podem ser custosas. A Noruega registrou um superávit comercial de US$ 2 bilhões com os EUA no ano passado, tornando-se um alvo fácil para novas tarifas. As montadoras e gigantes farmacêuticas da Suécia também dependem fortemente dos consumidores americanos. Mesmo os laços com a OTAN podem não proteger os dois países se Trump vir as obrigações da aliança como mais uma moeda de troca.

Em sua essência, a disputa do Nobel é sobre mais do que o ego ferido de um homem. Ela ilustra como o estilo transacional de diplomacia de Trump pode transformar até mesmo cerimônias simbólicas em focos de tensão geopolítica, deixando democracias menores para navegar entre o princípio e a sobrevivência.

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