Acordo de US$ 16 Milhões da Paramount com Trump – O Gambito Regulatório de uma Fusão
Acordo de US$ 16 Milhões da Paramount com Trump: Uma Jogada Regulatória da Fusão
A Paramount Global fez um sacrifício calculado no altar da aprovação regulatória. A empresa-mãe da CBS News concordou na terça-feira em pagar US$ 16 milhões para encerrar um processo movido pelo Presidente Donald Trump sobre a edição de uma entrevista do programa "60 Minutes" com a então-vice-presidente Kamala Harris durante o ciclo eleitoral de 2024.
O acordo ocorre em um momento crítico para a Paramount, que aguarda aprovação federal para sua fusão de US$ 8 bilhões com a Skydance Media — uma transação que analistas do setor descrevem como existencial para a gigante do entretenimento em dificuldades. Com as ações da Paramount pairando em US$ 13,16, com leve alta no pregão de quarta-feira, a reação do mercado sugere um otimismo cauteloso de que a aposta da empresa possa valer a pena.
Status Mais Recente da Fusão Skydance Media e Paramount em 2 de julho de 2025
Aspecto | Detalhes |
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Partes da Fusão | Skydance Media & Paramount Global |
Valor do Negócio | US$ 8 bilhões (empresa combinada avaliada em aproximadamente US$ 28 bilhões) |
Nome da Nova Entidade | Paramount Skydance Corporation |
Liderança Principal | David Ellison (Presidente do Conselho & CEO), Jeff Shell (Presidente) |
Principal Obstáculo Legal | Processo de Trump contra CBS/Paramount (relacionado ao "60 Minutes") |
Status do Processo | Acordado por US$ 16 milhões, removendo barreira de aprovação da FCC |
Aprovações Regulatórias | SEC & Comissão Europeia: Aprovadas; FCC: Pendente (agora esperada) |
Prazo Final do Negócio | 7 de julho de 2025 (com possível extensão até 4 de outubro de 2025) |
Questões de Acionistas | Processos judiciais em andamento sobre os termos do negócio e o controle da família Redstone |
Próximos Passos | Aguardando aprovação final da FCC, depois fechamento do negócio e transição de liderança |
Processo Considerado "Fútil" Gera Pagamento Milionário
A disputa centrava-se na exibição pela CBS de diferentes partes da resposta de Harris a uma pergunta sobre o Oriente Médio — uma versão em uma prévia no "Face the Nation" e outra na transmissão completa do "60 Minutes". A equipe jurídica de Trump, protocolando na jurisdição favorável de Amarillo, Texas, alegou que isso constituía edição enganosa que favorecia a candidatura de Harris.
Especialistas jurídicos amplamente rejeitaram o processo como sem mérito. "Este caso não vale 20 centavos em termos de mérito legal, muito menos US$ 16 milhões", observou um defensor da liberdade de imprensa, falando sob condição de anonimato. "É um uso estratégico de litígios como alavanca."
No entanto, os termos do acordo revelam muito sobre a dinâmica de poder em jogo. Os US$ 16 milhões financiarão principalmente a futura biblioteca presidencial de Trump, sem pagamentos diretos a Trump pessoalmente. A Paramount evitou emitir qualquer pedido de desculpas, mas o "60 Minutes" deve agora publicar transcrições de futuras entrevistas de candidatos presidenciais.
"O que estamos testemunhando é arbitragem regulatória por meio de litígios", explicou um professor de direito de mídia da Universidade Columbia. "O processo em si nunca foi o ponto — era a ameaça implícita ao processo de aprovação da fusão."
Vítimas na Redação no Cálculo Corporativo
O acordo já cobrou seu preço dentro da CBS News. Tanto Bill Owens, produtor executivo do "60 Minutes", quanto a chefe da CBS News, Wendy McMahon, renunciaram no início deste ano, citando preocupações com a independência editorial.
Um produtor sênior da CBS que pediu anonimato descreveu a atmosfera interna como "fúnebre".
"Quando nossa liderança escolheu a conveniência da fusão em detrimento dos princípios jornalísticos, algo fundamental se quebrou", disse o produtor. "A questão agora é se esse dano é permanente."
Nas suítes executivas da Paramount, o cálculo parece mais direto. A Presidente do Conselho Shari Redstone, que controla a empresa por meio da National Amusements, priorizou resolver o que os executivos viam como um impedimento regulatório que ameaçava a tábua de salvação da Skydance.
"Por aproximadamente 15 centavos por ação, eles removeram um potencial ponto de veto em seu caminho para a fusão", observou um analista de Wall Street que acompanha a empresa. "De uma perspectiva puramente financeira, isso é racional — se você estiver disposto a desconsiderar os custos intangíveis para a credibilidade institucional."
A Matemática da Fusão: Apostas Existenciais
A posição de mercado da Paramount ressalta a natureza existencial da decisão de fusão. Negociando a aproximadamente 5 vezes o EBITDA projetado para 2026 — em comparação com pares do setor a 7-8 vezes — a empresa carrega o que analistas chamam de "desconto de governança" que o acordo pode, na verdade, aprofundar.
"O conselho fez uma avaliação de risco a sangue frio", disse um banqueiro de investimento em mídia familiarizado com a transação. "Eles concluíram que um êxodo de talentos ou um golpe na reputação era menos ameaçador do que uma fusão atrasada ou rejeitada."
O momento do acordo é particularmente notável, dado que a FCC, liderada por Brendan Carr, nomeado por Trump, detém efetivamente poder de veto sobre o negócio da Skydance devido às licenças de estações locais da CBS. A fusão enfrenta um prazo de rescisão automática de 4 de outubro se não for aprovada.
Consequências Políticas e Holofote Regulatório
Legisladores democratas já sinalizaram sua preocupação. Os senadores Warren, Sanders e Wyden emitiram um comunicado conjunto alertando que "recompensar Trump com dezenas de milhões por protocolar este processo falso não o fará recuar em sua guerra contra a mídia. Isso apenas o encorajará."
Os senadores sugeriram que o acordo poderia potencialmente violar estatutos anti-suborno, levantando o espectro de investigações do Departamento de Justiça ou da Comissão Eleitoral Federal. No entanto, observadores do setor notam que tais investigações tipicamente resultam em consequências limitadas.
"Esperamos barulho, mas pouca ação concreta", disse um advogado regulatório. "O precedente preocupante é que isso marca o segundo acordo desse tipo, seguindo o pagamento de US$ 15 milhões da ABC a Trump em dezembro passado."
O Horizonte de Investimento: Risco Calculado ou Precedente Custoso?
Para os investidores, o acordo da Paramount representa um ponto de inflexão tático na trajetória da empresa. A maioria dos analistas projeta três cenários potenciais:
No cenário base, ao qual muitos atribuem a maior probabilidade, a FCC aprova a fusão da Skydance até o prazo de outubro, com audiências no congresso, mas sem ações de bloqueio. Isso poderia impulsionar uma melhoria de avaliação de 25-35% à medida que o múltiplo da empresa se expande para cerca de 6,5 vezes o EBITDA.
O cenário otimista prevê não apenas a aprovação, mas também cortes de custos acelerados e uma injeção de capital do apoiador da Skydance, Larry Ellison, potencialmente impulsionando um upside de 50-60% à medida que a Paramount começa a negociar ao lado de pares mais fortes como Disney e Comcast.
No entanto, o cenário pessimista — no qual investigações formais de suborno atrasam a aprovação além da janela automática de outubro — poderia desencadear uma queda de 30-40% em meio a vendas forçadas de ativos e riscos de corte de dividendos.
"O acordo efetivamente transforma a Paramount de um risco regulatório binário em uma história de 'mostre-me'", explicou um gerente de portfólio em um fundo de hedge focado em mídia. "A questão não é mais se eles obterão aprovação — é se a gestão pode reconstruir a integridade editorial enquanto entrega as sinergias da Skydance."
O Caminho a Seguir: Monitorando Sinais
Para os investidores que acompanham as consequências, marcos importantes incluem as atualizações de status do processo da FCC previstas para 16 de julho, potenciais audiências do Comitê de Comércio do Senado no terceiro trimestre e quaisquer sinais de fuga de talentos das propriedades da CBS News.
Talvez o mais significativo, os observadores estarão atentos a litígios imitadores contra outras empresas de mídia com fusões pendentes, como possíveis alienações de ativos da Warner Bros. Discovery.
"O que a Paramount fez foi esclarecer o preço da certeza regulatória no cenário atual da mídia", concluiu um consultor do setor. "Se esse preço valerá a pena pagar depende inteiramente do que eles farão com a margem que acabaram de adquirir."
Até então, o acordo se apresenta como um momento divisor de águas na relação em evolução entre mídia, política e governança corporativa — um cujos efeitos cascata se estenderão muito além dos balanços das empresas envolvidas.
NÃO É CONSELHO DE INVESTIMENTO