
Startup de Infraestrutura de IA Nscale Arrecada US$ 1,1 Bilhão em Série B Recorde para Construir Centros de Dados de GPU na Europa
Empresa Europeia de IA Nscale Arrecada US$ 1,1 Bilhão em Valor Recorde para Desafiar Rivais dos EUA
LONDRES — A Europa acaba de dar um grande passo na corrida global por infraestrutura de IA. A startup Nscale, com sede em Londres, garantiu um financiamento recorde de US$ 1,1 bilhão em Série B, o maior do gênero na Europa. A captação, liderada pela potência industrial norueguesa Aker ASA, avalia a empresa em cerca de US$ 3 bilhões e prepara o terreno para um desafio ousado ao domínio dos EUA no mercado de nuvem de GPU.
O acordo chega em um momento crucial. Governos e empresas em toda a Europa estão correndo para garantir acesso ao poder computacional necessário para a inteligência artificial. Preocupações crescentes com a soberania dos dados e custos de energia altíssimos levaram a discussão para além da eficiência – agora trata-se de segurança nacional e competitividade.
A proposta da Nscale é simples, mas poderosa: aproveitar a energia hidrelétrica nórdica barata e o ar frio do Ártico para operar grandes clusters de GPU a um custo menor, mantendo os dados dentro das fronteiras europeias.

Em Busca de Energia Barata no Norte
O que dá à Nscale sua vantagem? A eletricidade no norte da Noruega é vendida por uma fração do que cidades como Londres ou Berlim pagam. Combine isso com o clima naturalmente frio do Ártico e você terá as condições perfeitas para operar fazendas de GPU que consomem muita energia sem contas enormes de refrigeração.
A empresa está apostando alto em dois projetos. Na Noruega, seu empreendimento Stargate Norway — construído em conjunto com a Aker ASA e a OpenAI — planeja implantar 100.000 GPUs NVIDIA até o final de 2026. A gigante da tecnologia Microsoft já assinou um acordo de cinco anos no valor de US$ 6,2 bilhões para usar a instalação em Narvik.
Enquanto isso, do outro lado do Mar do Norte, o Stargate UK será erguido no campus de Loughton da Nscale, com o apoio de Microsoft, NVIDIA e OpenAI. Este local está a caminho de se tornar o maior supercomputador de IA da Grã-Bretanha. Até o início de 2027, espera-se que ele abrigue mais de 23.000 GPUs NVIDIA GB300, avaliadas em quase US$ 1,4 bilhão em hardware, antes de adicionar redes e armazenamento.
Quem Está Apoiando a Nscale
A lista de investidores parece uma formação de pesos-pesados da indústria. A NVIDIA não apenas contribuiu com até US$ 500 milhões, mas também prometeu fornecer até 300.000 chips ao longo do tempo. A Nokia se juntou como investidora e parceira de rede, enquanto a Dell fortaleceu a cadeia de suprimentos no lado dos servidores. Gigantes institucionais como Fidelity e Point72 adicionaram credibilidade e suporte financeiro robusto.
Essa estratégia não é nova. Ela espelha os loops entre fornecedor e cliente nos EUA, onde fabricantes de chips e provedores de nuvem investem uns nos outros para garantir oferta e demanda.
Grandes Planos, Maiores Riscos
O caminho a seguir não é fácil. Apesar de toda a sua ambição, a Nscale ainda precisa provar que pode construir e operar um data center em grande escala por conta própria. Operar refrigeração líquida de ponta e redes de alta velocidade em escala não é fácil, e atrasos podem se mostrar caros.
Há também o desafio de se conectar à rede elétrica da Noruega. Embora o país tenha muita energia renovável, conectar instalações massivas à rede significa navegar por aprovações políticas e ciclos de planejamento de serviços públicos que muitas vezes se movem a passos de tartaruga.
Analistas alertam para outro risco: o financiamento circular. Quando fornecedores de hardware financiam seus próprios clientes, as avaliações podem inflacionar além da realidade. Se a demanda por IA não atender às expectativas, empresas como a Nscale podem se encontrar em uma posição vulnerável.
Política, Regulamentação e “Computação Soberana”
Líderes europeus não esconderam sua busca pela independência tecnológica. O ministro de IA do Reino Unido, Kanishka Narayan, endossou abertamente o papel da Nscale no fortalecimento da competitividade nacional. A UE também está elaborando regras destinadas a garantir o controle sobre tecnologias críticas.
Esse foco na “computação soberana” pode funcionar a favor da Nscale, especialmente com indústrias e governos que insistem no tratamento local de dados. No entanto, as direções políticas mudam rapidamente. Se as regulamentações mudarem, o mesmo pode acontecer com a economia da construção de instalações tão massivas.
Pressão de Preços no Horizonte
Atualmente, as GPUs valem ouro. Provedores de nuvem cobram até US$ 12 por GPU-hora pelos chips mais avançados, enquanto operadores menores pedem cerca de US$ 3 a US$ 4. Esses preços altíssimos atraíram concorrentes como CoreWeave, Crusoe Energy e Nebius, todos de olho na Europa.
Mas os mercados não ficam aquecidos para sempre. Analistas esperam que o preço por GPU-hora na Europa caia 10–20% até 2027 à medida que novas capacidades entram em operação. Isso dá à Nscale uma janela apertada para preencher seus clusters e fidelizar clientes antes que as margens diminuam.
As projeções da empresa contam com US$ 8 por GPU-hora a 65% de utilização, números que se traduziriam em mais de US$ 5,5 bilhões em receita anual em suas unidades do Reino Unido e Noruega em plena escala. Esses números parecem impressionantes, mas apenas se tudo correr conforme o planejado.
Por Que os Investidores se Importam
Para os investidores, a Nscale oferece uma aposta em três temas poderosos: energia nórdica barata, o impulso da Europa por soberania e a demanda explosiva por computação de IA. Se conseguir realizar sua expansão, a Nscale poderá se tornar a resposta da Europa aos gigantes da nuvem de GPU americanos.
Ainda assim, o cronograma é implacável. Colocar em operação os primeiros 150 megawatts em Narvik até meados de 2026 irá consolidar ou quebrar a credibilidade da empresa. Se falhar, as dúvidas crescerão rapidamente. Se tiver sucesso, a Nscale poderá garantir um lugar duradouro na corrida global por infraestrutura de IA.
No final, a captação de US$ 1,1 bilhão mostra uma coisa claramente: a Europa não está contente em ficar à margem da revolução da IA. Com energia barata, apoio político e parceiros com grandes recursos financeiros, a Nscale aposta que pode mudar o equilíbrio de poder — literal e figurativamente — em uma das indústrias mais competitivas do mundo.
Tese de Investimento Interna
| Aspecto | Resumo |
|---|---|
| Visão Geral do Acordo | US$ 1,1 bilhão em Série B para a Nscale, uma provedora europeia de GPU como serviço. Avaliação pós-investimento de ~US$ 3 bilhões. Uma construção de alto risco de execução e refinanciamento. |
| Tese Central / "Aposta no Momentum" | Uma estratégia de "GPU soberana" alavancando a demanda europeia por capacidade vinculada a jurisdições, sustentada por uma economia de energia credível (hidrelétrica norueguesa barata), um contrato de compra (offtake) de destaque (Microsoft) e fidelização estratégica de fornecedores (Nvidia, Dell, Nokia). |
| Principais Impulsionadores / "Por Que Agora" | 1. Escassez de GPU e Soberania: Oferta restrita de GB200/GB300; demanda da UE/Reino Unido por capacidade local. 2. Arbitragem de Energia: Preços de energia estruturalmente baixos no Norte da Noruega (~NOK 0,05/kWh) versus grandes centros da UE. 3. Ciclos Financeiros Estratégicos: Nvidia investe (US$ 500 milhões, 300 mil chips) e se compromete com o fornecimento; OEMs/hiperescaladores criam um padrão de financiamento circular. |
| Ativos e Compromissos Chave | - Reino Unido (Loughton): Meta de 23.040 GPUs GB300, escalando de 50MW para 90MW até o 1º trimestre de 2027. - Noruega (Narvik): Implantações em fases a partir de 2026 sob um acordo de compra (offtake) da Microsoft de US$ 6,2 bilhões via joint venture 50/50 com a Aker. |
| Lista de Verificação de Bolha / Riscos | - Risco de Circularidade: Capital próprio do fornecedor + fornecimento + acordo de compra concentram o risco; infla as avaliações até um colapso. - Excesso de Execução: A corrida por capacidade supera a rede/licenças e talentos; atrasos além de 2026 são prováveis. - Deflação Tecnológica: Modelos de IA de peso aberto reduzem os custos de treinamento, comprimindo os futuros aluguéis de GPU-hora. |
| Modelo Financeiro (Caso Base) | - Receita do Reino Unido (23k GPUs @ US$ 8/hr, 65% util): ~US$ 1,05 bilhão/ano. - Receita da Noruega (100k GPUs até o final de 2026 @ mesma taxa): ~US$ 4,56 bilhões/ano (bruto, antes das divisões da JV). - Contexto de Avaliação: US$ 3 bilhões pós-investimento exigem visibilidade para uma taxa de execução de US$ 300-600 milhões para um múltiplo de vendas de 5-10x. |
| Riscos Críticos de Execução | 1. Atrasos na Cadeia de Suprimentos: Transições de GB200/300 e entregas de racks OEM são itens críticos. 2. Risco de Rede/Político: A Noruega pode apertar a fiscalização de data centers e a alocação de energia. 3. Compressão de Preços: O aumento da oferta europeia de concorrentes irá comprimir os preços por GPU-hora. 4. Complexidade da JV: O reconhecimento do fluxo de caixa e a criação de valor de capital dependem dos termos contábeis da JV. 5. Maturidade Operacional: Histórico não comprovado em escala para data centers próprios, especialmente refrigeração líquida e redes. |
| Pontos Fortes / Caso Alta | - Vantagem de Energia Duradoura: A hidrelétrica e o clima noruegueses são vantagens difíceis de copiar. - Ventos Favoráveis à Soberania: Apoio político para computação local e compatível com parceiros chave (MSFT, NVDA). - Fosso de Rede: Parceria com a Nokia para o empilhamento óptico/IP entre data centers é um ativo subestimado. |
| Cenários (Probabilidades 12-24 Meses) | - Caso Base (50%): Implantação em fases, Reino Unido atrasa um trimestre; taxa de execução de US$ 600-900 milhões até o final de 2026. - Caso Baixa (30%): Atrasos no fornecimento, compressão de preços; taxa de execução <US$ 400 milhões; exige refinanciamento. - Caso Alta (20%): Execução impecável, mais de 100 mil GPUs instaladas; taxa de execução >US$ 1,5 bilhão com economia melhorando. |
| Itens Chave de Due Diligence | 1. Contratos: Escrutinar os termos do acordo de compra da Microsoft (preços mínimos, penalidades, reconhecimento de receita da JV). 2. Aquisição: Confirmar as alocações vinculantes de GPU da Nvidia e os prazos de entrega. 3. Infraestrutura: Validar o design de interconexão e o cronograma de comissionamento de refrigeração líquida. 4. Energia: Verificar os cronogramas de conexão à rede, termos de PPA (Power Purchase Agreement) e proteções de preço. 5. Economia da Unidade: Modelar US$/GPU-hora versus concorrentes, assumindo uma variação de preço de 15-25% até 2027. |
| Conclusão Final | Não é uma rodada para iniciantes devido a vantagens reais e apoio. No entanto, a avaliação de US$ 3 bilhões precifica 2-3 anos de execução impecável em um mercado que mostra sinais de financiamento circular e compressão futura de preços. Subscrever seletivamente, vinculando o capital a marcos de entrega de hardware e modelando preços conservadores/fluxos de caixa da JV. |
NÃO É UM CONSELHO DE INVESTIMENTO