Novo Nordisk Aposta Alto na Fabricação nos EUA: Promessa ou Sonho Impossível?

Por
Isabella Lopez
5 min de leitura

Novo Nordisk Aposta Alto na Fabricação nos EUA: Promessa ou Sonho Distante?

A farmacêutica dinamarquesa promete produzir seus tratamentos campeões de vendas para perda de peso na América, mas o caminho à frente está longe de ser simples.

A Novo Nordisk acaba de fazer uma promessa ousada: cada medicamento para perda de peso que vender aos americanos será fabricado nos Estados Unidos. O anúncio, feito pelo diretor da empresa nos EUA, chega em um momento em que política, tarifas e demanda dos pacientes colidem de uma forma que pode remodelar a indústria farmacêutica. Milhões de pacientes enfrentaram longas esperas por tratamentos populares como Wegovy e Ozempic. Políticos, por sua vez, estão pressionando por mais produção doméstica, enquanto acenam com tarifas que poderiam esmagar medicamentos importados.

Isso não é apenas sobre relações públicas. Com Washington ameaçando impor tarifas de 100% sobre medicamentos importados – a menos que as empresas transfiram a produção para o país – a decisão da Novo Nordisk parece menos como boa vontade e mais como estratégia de sobrevivência. A rival Eli Lilly já está investindo bilhões em fábricas americanas, forçando a Novo a acompanhar o ritmo ou arriscar perder terreno no mercado de medicamentos para obesidade.


A Política no Chão de Fábrica

O timing, como se diz, é tudo. A Novo não está apenas evitando tarifas; ela também está tentando resolver um problema que atormenta seus negócios há anos: a escassez de suprimentos. Pacientes passaram meses em listas de espera. Farmácias racionaram doses. Médicos tiveram que lidar com uma demanda que superou em muito a oferta.

A empresa espera que a produção local resolva esse gargalo. Ao trazer a etapa final de “envase e acabamento” da fabricação de medicamentos – onde os ingredientes ativos são embalados em canetas injetoras – para o solo americano, a Novo pode apertar seu controle sobre um recurso escasso. A compra das instalações estéreis da Catalent e a expansão de sua enorme unidade na Carolina do Norte são passos em direção a esse objetivo. Em vez de implorar por espaço em contratadas com excesso de reservas, a Novo será proprietária das linhas de produção.

Há também um teatro político em jogo. Legisladores que questionam duramente as farmacêuticas sobre preços adoram uma história de “Feito na América”. Para a Novo, investir em fábricas e empregos lhe dá um escudo contra críticos que acusam a empresa de extorquir pacientes.


Os Detalhes da Cadeia de Suprimentos

Aqui está o porém: fabricar a caneta de medicamento final na Carolina do Norte não significa que todo o medicamento seja feito nos EUA. O cerne do tratamento – o ingrediente farmacêutico ativo, ou IFA – ainda vem da Europa. Mover a produção de IFA através do Atlântico é um desafio muito maior, exigindo bilhões de dólares, anos de construção e aprovações rigorosas do FDA.

Até agora, a Novo não prometeu transferir a produção de IFA para os EUA. Isso deixa uma lacuna entre as manchetes e a realidade. Mesmo que as novas fábricas na Carolina do Norte estejam prontas até 2028, a substância do medicamento real ainda pode cruzar o oceano antes de chegar a uma linha de montagem americana. Até então, “todo o suprimento dos EUA” continua sendo mais uma aspiração do que um fato.


A Rivalidade Esquenta

A decisão da Novo não acontece no vácuo. A Eli Lilly tem corrido para construir suas próprias fábricas nos EUA e na Europa. A confiabilidade do fornecimento está se tornando rapidamente uma arma nas guerras dos medicamentos para obesidade. Ao investir pesadamente na América, a Novo não apenas responde à Lilly, mas também exclui concorrentes menores que agora têm menos parceiros de fabricação a quem recorrer.

Para os pacientes, isso poderia significar menos escassez e acesso mais rápido assim que a produção aumentar. Mas, no curto prazo, não espere que os preços caiam. Construir fábricas é caro, e as empresas não estão ansiosas para cortar preços enquanto citam custos de mão de obra mais altos nos EUA. Analistas já apontam que, apesar de uma melhor disponibilidade, o crescimento mais lento das prescrições e as batalhas de preços podem manter a pressão sobre Novo e Lilly.


O Cálculo Complicado da Transferência da Manufatura

Mesmo com novas e reluzentes fábricas, os desafios se acumulam. Se o IFA continuar vindo da Dinamarca, as cadeias de suprimentos globais ainda ditam quanto produto realmente chega às prateleiras dos EUA. A compra das instalações da Catalent ajuda, mas também adiciona a dor de cabeça da integração. Contratar trabalhadores qualificados em um mercado de trabalho apertado também não será fácil.

E as tarifas? Elas são políticas por natureza. Isenções, exceções ou um acordo comercial repentino com a Europa poderiam apagar o próprio incentivo que a Novo está buscando. Uma mudança na política pode fazer com que o impulso “Feito nos EUA” pareça mais um desvio caro do que uma estratégia de longo prazo.


Pontos a Observar

Investidores, médicos e pacientes estarão observando como isso se desenrola. No curto prazo, espere que mais capacidade de envase e acabamento nos EUA entre em operação no próximo ano ou dois. Isso deve amenizar alguns problemas de suprimento, embora não torne o sistema totalmente doméstico. Até o final da década de 2020, se as tarifas permanecerem em vigor, a Novo pode arriscar e construir capacidade de IFA aqui.

A Eli Lilly provavelmente manterá sua liderança por enquanto, mas a lacuna pode diminuir assim que o fornecimento da Novo estabilizar e novos medicamentos orais chegarem ao mercado. Os preços provavelmente não despencarão, embora programas de reembolso e coparticipação possam melhorar à medida que a capacidade aumenta e as seguradoras ganham mais influência.

As verdadeiras pistas virão da própria linguagem da Novo. Se continuar falando sobre “envase e acabamento nos EUA”, isso é um sinal de que o IFA permanecerá no exterior. Somente quando a empresa disser “fabricação de ponta a ponta” você poderá levar a promessa a sério.


O mapa farmacêutico está sendo redesenhado, não em décadas, mas em tempo real. A Novo Nordisk fez uma grande aposta na América, mas se essa aposta vai valer a pena depende de mais do que cortes de fita. A execução, a política e a paciência dos pacientes decidirão se esta promessa se tornará uma transformação – ou apenas mais um discurso corporativo.

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