
Irão Mantém Posição Firme sobre Direitos Nucleares no Fórum de Teerã enquanto Negociações Permanecem em Equilíbrio
Irã Mantém Posição Firme Sobre Direitos Nucleares em Fórum em Teerã Enquanto Negociações Estão em Jogo
TEERÃ — Hoje, o Presidente Masoud Pezeshkian enviou uma mensagem clara à comunidade internacional no domingo: o Irã não abrirá mão de seu programa nuclear, apesar da pressão crescente dos Estados Unidos e seus aliados.
Falando para mais de 200 altos funcionários de 53 países no Fórum de Diálogo de Teerã, o Presidente Pezeshkian destacou o direito legal do Irã à tecnologia nuclear pacífica sob o Tratado de Não Proliferação (TNP), rejeitando firmemente qualquer pressão ou coerção externa para limitar esses direitos.
O fórum de dois dias, que termina na segunda-feira, representa o encontro diplomático mais importante no Irã desde o retorno do Presidente Trump ao cargo, reunindo representantes de dezenas de nações para discutir o alívio de sanções, o desarmamento regional e a não proliferação nuclear.
Impasse no Enriquecimento Ameaça Conversas
Por trás da retórica diplomática polida, existe um impasse crítico. Autoridades iranianas insistem em manter a capacidade de enriquecimento de urânio — o mesmo ponto que colocou as negociações com os Estados Unidos em uma situação precária.
"Estamos negociando, e vamos negociar. Não buscamos a guerra, mas não tememos nenhuma ameaça", disse Pezeshkian, afirmando que o Irã "não retirará" ou "perderá facilmente conquistas honrosas nas áreas militar, científica e nuclear".
A declaração acontece enquanto agências de inteligência dos EUA avaliam que, embora Teerã não esteja buscando ativamente armas nucleares, seu programa está "à beira de ser capaz de transformar material nuclear em arma". De acordo com relatórios de monitoramento, o Irã agora possui aproximadamente 275 quilos de urânio enriquecido a 60% — um nível sem precedentes para qualquer estado que não possua armas nucleares e a apenas um passo técnico do nível de arma.
"O mercado lê essas declarações por duas lentes", explicou um estrategista de commodities de um grande banco europeu. "Primeiro, como posicionamento político antes da próxima rodada de negociações, mas segundo, como uma linha vermelha genuína que pode desencadear escalada se for cruzada."
Direitos Nucleares vs. Preocupações Internacionais
Deputados iranianos emitiram um comunicado na semana passada afirmando que os direitos nucleares do país sob o TNP — incluindo pesquisa, desenvolvimento e uso pacífico — não são negociáveis. Eles interpretam o Artigo 4 do tratado como concedendo ao Irã "três direitos inalienáveis: primeiro, o direito à pesquisa e desenvolvimento; segundo, o direito à produção; e terceiro, o direito à utilização da energia nuclear."
De forma mais controversa, esses deputados afirmam que o Irã não enfrenta limitações nos níveis de enriquecimento e poderia, teoricamente, enriquecer até 93% para fins científicos, médicos e industriais — embora tais níveis seriam virtualmente indistinguíveis de material de nível de arma.
O Ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, figura chave nas negociações em andamento, enfatizou no fórum que o Irã está "comprometido com a diplomacia", enquanto espera que as sanções sejam levantadas "de maneira prática e viável".
Paralelamente às reuniões com as Conferências Pugwash sobre Ciência e Assuntos Mundiais, Araghchi ofereceu insights sobre a complexa dança diplomática: "As mensagens públicas trocadas entre as partes negociadoras não refletem necessariamente o que é dito na mesa de negociações", observou ele. "Existe também uma guerra de mídia, e cada lado tenta usá-la a seu favor."
Tremores no Mercado Refletem Incerteza Geopolítica
Os mercados financeiros já começaram a precificar vários cenários. O petróleo Brent caiu aproximadamente 3% na semana passada apenas com a expectativa de um possível acordo que devolveria o petróleo iraniano aos mercados globais. Atualmente negociado na faixa de US$ 65 por barril (+0,15 esta semana), analistas projetam que os preços podem disparar para US$ 100 ou mais se houver ação militar contra as instalações nucleares do Irã — um cenário para o qual alguns analistas de defesa atribuem uma probabilidade de 20-25% no segundo semestre de 2025.
"Estamos vendo volumes sem precedentes em opções de petróleo fora do dinheiro", observou um negociador sênior de derivativos em uma grande casa de commodities. "O dinheiro inteligente está se posicionando para cenários extremos, em vez de um meio-termo."
A incerteza vai além dos mercados de energia. Os prêmios de risco de guerra para navios que transitam pelo Estreito de Ormuz aumentaram gradualmente, enquanto os ETFs do setor de defesa permanecem resilientes apesar das quedas recentes nos preços. Enquanto isso, a moeda do Irã continua a sofrer, com a taxa de câmbio no câmbio paralelo atingindo aproximadamente 820.000 riais por dólar — quase o dobro da taxa oficial.
Agendas Divergentes de Partes Interessadas Complicam o Caminho
O fórum destaca a complexa rede de interesses em torno da questão nuclear. Para a liderança do Irã, manter a capacidade de enriquecimento enquanto garante o alívio das sanções representa tanto uma necessidade econômica quanto um orgulho nacional. A administração do Presidente Trump, por sua vez, exige cada vez mais que o Irã abandone completamente o enriquecimento — uma posição que Teerã considera inaceitável.
"Os americanos falam com vozes contraditórias", observou Araghchi. "Não está claro se isso reflete falta de foco em Washington ou uma tática de negociação."
Potências europeias, ainda interessadas em salvar elementos do acordo nuclear JCPOA, ocupam uma posição intermediária cada vez mais desconfortável. China e Índia, enquanto isso, continuam importando petróleo iraniano através de "canais cinzentos" enquanto observam de perto os desdobramentos.
A posição mais linha dura vem de Israel, que vê os avanços nucleares do Irã como uma ameaça existencial. Fontes de inteligência sugerem operações clandestinas em andamento contra a infraestrutura nuclear do Irã, com a possibilidade de intervenção mais direta se os esforços diplomáticos fracassarem.
Possíveis Caminhos a Seguir
As negociações atingiram o nível de "especialistas", indicando discussões técnicas detalhadas, em vez de mero posicionamento político. No entanto, fontes familiarizadas com as conversas sugerem que divisões fundamentais permanecem sem solução.
"Não estamos vendo novas propostas que superem a lacuna principal", confidenciou uma fonte diplomática envolvida no processo. "Ambos os lados entendem o que o outro quer, mas nenhum está disposto a fazer a primeira concessão significativa."
O cenário mais provável, segundo analistas regionais, envolve um "mini acordo" limitado até o terceiro trimestre de 2025 que permitiria modestas exportações de petróleo iraniano abaixo de 400 mil barris por dia, impondo ao mesmo tempo um monitoramento aprimorado das atividades nucleares. No entanto, isso deixaria questões fundamentais sobre os direitos de enriquecimento sem solução.
Cenários mais preocupantes incluem um colapso total das negociações, levando a sanções mais rigorosas, ou ataques militares limitados visando instalações de enriquecimento — uma medida que redefiniria dramaticamente os cálculos de segurança regional e os mercados de energia.
Enquanto os delegados continuam as discussões no segundo dia do fórum, na segunda-feira, as apostas continuam a aumentar. A mensagem do Irã é clara: seu programa nuclear continuará. O que permanece incerto é se a diplomacia pode canalizar esse programa em direções que a comunidade internacional considere aceitáveis.
"O paradoxo é que todos sabem como seria um acordo", refletiu um analista veterano do Oriente Médio. "A questão é se as realidades políticas de ambos os lados permitem os compromissos necessários para alcançá-lo."