Veo 3.1 do Google mira em domar o caos do vídeo com IA — mas as falhas persistem
O Google acaba de lançar o Veo 3.1, sua mais recente aposta na corrida por vídeo com IA, e faz uma afirmação ousada: criadores não precisam de visuais de cair o queixo — eles precisam de controle. Em vez de perseguir o espetáculo puro como muitos rivais, o Google está apostando que cineastas, publicitários e estúdios de conteúdo profissionais se importam mais com estabilidade, precisão e integração ao fluxo de trabalho.
No papel, o modelo parece promissor. Ele pode gerar áudio sincronizado, estender cenas por quase um minuto e até usar imagens de referência para manter a consistência dos personagens em diferentes tomadas. Mas, nos bastidores, engenheiros que testam o sistema dizem que a tecnologia ainda luta com a confiabilidade básica — levantando questões sobre se o Google realmente resolveu os problemas que assombram o vídeo com IA desde o primeiro dia.
Avaliações internas da CTOL.digital pintam um cenário complexo: “Misto a positivo. Ferramentas melhores e áudio nativo, mas a estabilidade diminuiu. O sentimento está polarizado.” Em resumo, progresso — mas não o salto que alguns esperavam.
O cabo de guerra entre controle e caos
Para criadores profissionais, o Veo 3.1 introduz novas “superfícies de controle” que lhes permitem refinar os resultados. No entanto, as mesmas pessoas que elogiam essas ferramentas também se deparam com inconsistências frustrantes. Engenheiros relataram personagens mudando de gênero ou idade no meio da cena, adereços aparecendo do nada e até clipes sendo gerados sem som algum. Quadros estáticos ficavam pixelizados ao serem extraídos do vídeo — uma má notícia para equipes que constroem bibliotecas de tomadas.
A questão é mais profunda do que meros bugs. O Google rotulou esta como uma atualização “.1”, mas muitos usuários esperavam um salto massivo em direção ao Sora 2 da OpenAI. Essa disparidade está alimentando a decepção. Enquanto o Sora 2 (ainda limitado a demonstrações) impressiona com realismo e física, o Google está jogando um jogo totalmente diferente — fluxo de trabalho em vez de fator "uau".
Por que os profissionais ainda se importam
O Veo 3.1 não é direcionado a criadores de memes. Ele é construído para cineastas, equipes de publicidade e estúdios profissionais que precisam de produção previsível, mesmo que seja um pouco menos mágica. Empresas como Promise Studios e Latitude já estão integrando o Veo 3.1 em plataformas profissionais para narrativa, pré-visualização e prototipagem de histórias.
Três recursos principais se destacam:
Imagens de referência mantêm os personagens consistentes em todas as tomadas. Extensão de cena une clipes, permitindo sequências de até um minuto. Controle do primeiro/último quadro oferece aos usuários pontos visuais exatos de início e fim — perfeito para revelações de logotipo e motion graphics.
Essas ferramentas são projetadas para pipelines de produção, não para experimentação casual.
No entanto, engenheiros alertam: continuidade não é o mesmo que narrativa. O Veo pode manter o fluxo visual, mas não entende verdadeiramente a estrutura da história ou a lógica de causa e efeito. As equipes ainda precisam de roteiros de cena (beat sheets), planos de tomadas e ferramentas externas para gerenciar a narrativa.
Áudio pode ser a arma secreta do Google
Um recurso pode se mostrar mais importante do que qualquer atualização visual: o áudio nativo. O Veo 3.1 pode gerar diálogos, sons ambientes e efeitos ao mesmo tempo que o vídeo — algo que a maioria dos concorrentes ainda não consegue fazer. Isso reduz a troca de ferramentas e acelera a pré-produção.
Engenheiros chamaram o áudio de “uma jogada inteligente”, especialmente se a sincronia labial se mantiver. Mas também notaram clipes silenciosos e palavras distorcidas, que precisam de correção rápida.
Se o Google dominar a consistência do áudio, ele poderá se tornar a ferramenta preferencial para diretores testarem cenas antes de gastar dinheiro de verdade.
Um prazo apertado aumenta as apostas
Aqui está o porém: o Google está desativando o Veo 3.0 em apenas uma semana — 22 de outubro de 2025. As equipes não têm escolha. Elas precisam migrar agora, testar cada prompt novamente e adaptar seus fluxos de trabalho.
Por que a pressa? O mercado de vídeo com IA mudou de “clipes legais de 8 segundos” para sequências mais longas, com várias tomadas e gramática cinematográfica. O Google não pode se dar ao luxo de ficar para trás.
Mesmo preço, contas maiores
O Google diz que o preço não mudou. Tecnicamente, é verdade — mas há uma pegadinha. Se os criadores passarem de clipes de 8 segundos para sequências de 45 segundos, o custo total dispara, mesmo que a taxa por segundo permaneça a mesma. O conselho dos engenheiros é direto: orçar por sequências, não por clipes. Isso pode expulsar criadores menores e favorecer estúdios com mais recursos — exatamente o público que o Google parece estar alvejando.
Recursos poderosos, riscos legais reais
Imagens de referência oferecem controle, mas também abrem a porta para dores de cabeça legais. Se as equipes carregarem fotos sem a licença adequada ou usarem semelhanças que se pareçam com pessoas reais, elas poderão enfrentar questões de propriedade intelectual ou direitos de personalidade. Os engenheiros instam as empresas a apertar as diretrizes de marca e a aplicar as políticas de licenciamento antes que as coisas compliquem.
O plano maior do Google: Domínio do Ecossistema
O Veo 3.1 não foi lançado isoladamente. O Google o lançou em toda a API Gemini, no Vertex AI para empresas, no aplicativo Gemini para consumidores e no Flow — sua plataforma criativa para "prosumers". Isso não é apenas um modelo — é um movimento de ecossistema.
O objetivo é claro: tornar a criação dentro das ferramentas do Google tão integrada que os usuários nunca as abandonem. Engenheiros esperam laços mais profundos com o YouTube e o round-tripping de ativos entre Veo, Flow e YouTube Studio. Imagine gerar uma cena e enviá-la para os Shorts com um clique. É o futuro que o Google está construindo.
Então… O Google venceu a rodada?
Ainda não. Engenheiros que testam o Veo 3.1 deram conselhos pragmáticos: “Para produção: Teste o bloqueio de personagens, a extensão de cena e as transições de quadro. Fique atento a problemas de áudio e verifique a qualidade dos quadros estáticos.”
A perspectiva deles? Os resultados variarão. A consistência ainda está em amadurecimento. Mas os novos recursos de controle podem valer a pena para equipes que valorizam a capacidade de direcionamento (controle) em vez do espetáculo puro.
Esse é o cerne do debate. O Veo 3.1 nem sempre parecerá tão impressionante quanto o Sora 2. E não é isso que ele tenta ser. Em vez disso, ele oferece um cavalo de batalha confiável — se o Google conseguir consertar as falhas.
A verdadeira questão: os profissionais escolherão algo “bom o suficiente, mas controlável” em vez de algo “mágico, mas imprevisível”? O Google aposta que sim. Os engenheiros ainda não estão convencidos.
Como uma seção da avaliação colocou: “Julgados pelos benchmarks de realismo do Sora 2, alguns usuários ficaram pouco impressionados.”
Nesta corrida de vídeo com IA, gerenciar expectativas pode ser tão importante quanto gerenciar pixels.
