
Finlândia e Suécia Agora Entre os Mercados de Trabalho Mais Fracos da Europa, Com o Desemprego Atingindo 10 e 8,4 Por Cento
Crise no Mercado de Trabalho Nórdico se Agrava à Medida que a Finlândia Atinge o Maior Desemprego em 20 Anos
Demissões e custos crescentes de empréstimos testam o modelo nórdico enquanto investidores repensam apostas nas economias “seguras” da Europa
HELSINQUE / ESTOCOLMO — A imagem de longas filas de desemprego na Finlândia e na Suécia pareceria inimaginável há poucos anos. Antes elogiados como alguns dos mercados de trabalho mais fortes da Europa, ambos os países agora lutam perto da base da lista. Essa reviravolta quebrou a antiga ideia de resiliência nórdica e forçou economistas, investidores e até governos a repensar a real força da região.
Em agosto, a taxa de desemprego da Finlândia subiu para 10%, seu nível mais alto em cerca de duas décadas. A Suécia seguiu de perto com 8,4%, ou 8,7% após ajustes sazonais. Isso coloca ambos bem acima da média da zona do euro de 6,3% e, notavelmente, na mesma faixa que partes do sul da Europa há muito associadas ao desemprego crônico.
Os números de destaque nem sequer capturam todo o peso da desaceleração. Fábricas na Finlândia anunciaram mais de 2.000 novas demissões no último mês, principalmente nas cadeias de suprimentos da manufatura. A Suécia enfrenta sua própria sombra prolongada: o número de desempregados de longo prazo aumentou em 42.000 em comparação com um ano atrás, sugerindo que esta recessão pode marcar a economia muito além de um ciclo normal.
Exportações Sob Pressão
Os problemas da Finlândia começaram quando o motor exportador do país perdeu fôlego. A forte dependência de produtos florestais, máquinas e produtos químicos a deixou seriamente exposta quando a guerra da Rússia na Ucrânia interrompeu as rotas comerciais e a demanda europeia enfraqueceu. Ao mesmo tempo, os custos crescentes de energia atingiram duramente as margens industriais.
A construção apenas piorou a situação. O aumento das taxas de juros empurrou um mercado imobiliário já frágil para o declínio, eliminando milhares de empregos nos setores da construção civil. A decisão do governo de apertar o orçamento e conter os déficits veio justamente quando o setor privado estava cambaleando, amplificando o impacto em vez de suavizá-lo.
O Banco da Finlândia projetou que o desemprego terá uma média de 9,4% este ano, com melhora gradual até 2026 e 2027. Mas essas previsões vieram antes da mais recente onda de demissões, levantando temores de que o pico ainda não tenha sido atingido.
A Armadilha da Hipoteca na Suécia
Os problemas do mercado de trabalho na Suécia seguem um caminho diferente, mas chegam ao mesmo lugar. Com a maioria das famílias vinculadas a hipotecas de taxa variável ou de prazo fixo de curto prazo, os agressivos aumentos das taxas de juros do Riksbank atingiram os consumidores como um martelo.
A desaceleração do mercado imobiliário que começou em 2022 se arrastou até 2025, deixando o setor da construção civil cambaleante. As licenças de construção no primeiro semestre deste ano mal subiram acima dos níveis mais baixos já registrados, apontando para mais dificuldades à frente. Enquanto isso, uma coroa sueca fraca importou inflação, forçando o banco central a manter uma política monetária restritiva muito depois de a economia começar a desacelerar.
O impacto humano tem sido desigual. Jovens e imigrantes, como em desacelerações anteriores, arcaram com o peso das perdas de emprego. Mesmo que pesquisas recentes com fabricantes sugiram estabilização, o emprego geralmente atrasa a produção em meses. Em outras palavras, o alívio não virá rapidamente.
Além dos Números
Os números oficiais de desemprego, por mais sombrios que sejam, provavelmente subestimam a tensão. As vagas de emprego em toda a região nórdica estão em colapso, especialmente na Finlândia, o que sugere que as empresas já estão reduzindo as contratações futuras. As horas trabalhadas estão caindo, o subemprego está aumentando, e empresas que inicialmente reduziram as horas agora estão caminhando para demissões em massa.
Outro sinal de alerta vem das falências, especialmente em pequenas e médias empresas da Suécia. Esses números frequentemente disparam antes que os números de desemprego reflitam totalmente a dor. Economistas estão observando de perto, sabendo que podem atuar como um sinal de alarme precoce.
Antigas Forças se Tornam Novas Fraquezas
O que antes parecia a maior força do modelo nórdico agora parece uma vulnerabilidade. Os profundos laços da Finlândia com o comércio global a tornaram uma estrela nos anos de boom, mas a deixaram exposta quando choques geopolíticos ocorreram. A celebrada abertura da Suécia e o mercado hipotecário flexível se transformaram em uma via rápida para taxas mais altas apertarem as finanças das famílias.
A mudança é marcante. A Espanha ainda detém a maior taxa de desemprego da UE, pouco acima de 10%, mas a história de 2025 é como o norte da Europa, há muito a âncora econômica do continente, de repente parece instável. Essa reversão tem efeitos em cascata muito além das estatísticas de trabalho, abalando as suposições dos investidores sobre risco, dívida e crescimento.
Bancos Centrais em Apuros
A fraqueza nos empregos dá aos bancos centrais mais espaço para afrouxar a política monetária nos próximos meses. O Banco Central Europeu já está se inclinando para um suporte estendido, enquanto o Riksbank da Suécia provavelmente começará a cortar as taxas assim que a inflação nos serviços esfriar ainda mais.
Mas aqui está o problema: mesmo quando as taxas caírem, o mercado de trabalho não se recuperará da noite para o dia. Os ciclos de contratação industrial na Finlândia e na construção na Suécia frequentemente atrasam as mudanças de política em trimestres, não semanas. As famílias podem ver seus salários renderem um pouco mais antes de verem os vizinhos encontrando novos empregos.
Investidores Recalculam
Para os investidores, a turbulência muda o jogo. Os títulos do governo finlandês podem ganhar apelo à medida que o crescimento desacelera, oferecendo jogadas táticas contra os Bunds alemães. A dívida de curto prazo da Suécia parece atraente se o banco central começar a flexibilizar a política, embora a curva de rendimento possa se acentuar novamente assim que o mercado imobiliário encontrar seu ponto mais baixo.
As moedas enfrentam pressões conflitantes. A coroa sueca poderia encontrar suporte no curto prazo se as empresas manufatureiras se estabilizarem, mas o desemprego persistentemente alto limitará os ganhos de longo prazo.
Os seletores de ações precisarão ser seletivos. Na Finlândia, setores defensivos e exportadores de serviços com forte receita em dólar ou libra parecem mais seguros do que empresas industriais ligadas à fraca demanda doméstica. Na Suécia, empresas de crescimento de qualidade com exposição limitada ao setor imobiliário parecem mais resilientes do que empresas dependentes da construção ou dos mercados de propriedade.
O Que Vem Pela Frente?
A maioria das previsões espera que a taxa de desemprego da Finlândia atinja o pico entre 10% e 10,5% no final deste ano ou no início do próximo, e depois caia lentamente à medida que a demanda europeia se estabiliza. A Suécia pode pairar em torno de 8,5% a 9% durante o inverno antes de se aproximar de 8% até o final de 2026.
Há um potencial de alta se o BCE cortar as taxas mais rápido do que o esperado e a demanda alemã se reavivar. Mas os riscos são grandes: outra desaceleração global de bens, um aumento nos preços da energia ou uma nova fraqueza no setor imobiliário podem tornar a recuperação inatingível até bem depois de 2026.
Por enquanto, os indicadores a serem observados incluem os lançamentos mensais da Eurostat, novos anúncios de demissões, negociações salariais e tendências de falências. A estabilização das vagas de emprego e pedidos novos mais firmes sinalizariam que o pior pode ter passado para os países nórdicos. Até lá, a história permanece sendo de resiliência testada, suposições derrubadas e economias buscando se firmar em território desconhecido.
Tese de Investimento (Visão Geral)
| Categoria | Finlândia | Suécia | Temas Transversais e Estratégias de Negociação |
|---|---|---|---|
| Dados Oficiais (Referência) | Desemprego: 10,0% (máxima de 20 anos). Previsão BdF 2025: ~9,4% méd. | Desemprego: 8,4% (Ago Não Ajustada Sazonalmente, 8,7% Tendência Ajustada Sazonalmente). Desempregados de longo prazo: +42 mil AA. | Contexto da Zona do Euro: Desemprego 6,3% (Ago '25), historicamente baixo. |
| A Realidade (A Fundo) | • 10% de destaque subestima o choque de demanda. • Vagas colapsando (entre as quedas mais acentuadas da UE). • Impulso fraco dos dados concretos (manufatura abaixo da tendência pré-22). • Onda de demissões está ativa (>2.000 novas demissões pós-dados). • Política é pró-cíclica (arrasto fiscal). • Veredito: Folga real > número principal; esperar menor pressão salarial. | • O canal crédito-habitação ainda atinge (aperto financeiro das famílias). • O arrasto da construção persiste (inícios de obras ainda baixos). • PMI estabilizando, mas o impacto no emprego é prolongado (não extrapolar para contratações). • Fragilidade corporativa (observar falências). • Veredito: Excesso de mão de obra se estende até 2026; economia real mais fraca que 8,4%. | Por que o Quadro "Real" é Pior: 1. Taxas de vacância caíram drasticamente em toda a UE. 2. Horas trabalhadas/subemprego não estão no número principal (desacumulação de mão de obra). 3. Volatilidade da amostra mascara pontos de viragem. 4. Estresse de crédito (falências) precede o desemprego. |
| Causas Raiz | Beta da demanda externa + indústria intensiva em energia + perda de comércio com a Rússia + arrasto fiscal = impacto cíclico desproporcional. | Transmissão monetária ultrarrápida + ciclo de baixa do mercado imobiliário + SEK mais fraca forçando política mais restritiva por mais tempo = desemprego estrutural elevado. | |
| Cenário Base e Cenários (12-18 Meses) | Cenário Base: Pico ~10-10,5% (4T'25-1T'26), queda para ~9% até 4T'26. Cenário Otimista: Abaixo de 9% em meados de 2026. Cenário Pessimista: ≥10% até meados de 2026. | Cenário Base: Estabilização entre 8,3-9,0% durante o inverno, queda lenta para ~8% até o final de 2026. Cenário Otimista: ≤7,7% até o final de 2026. Cenário Pessimista: Retorno a ~9,5%. | Cenários dependem do ciclo global de bens, preços da energia e flexibilização do BCE. |
| Posicionamento e Estratégias | Taxas: Acentuação da curva de juros (bull-steepener) em títulos do governo finlandês; posições compradas ASW vs. Bunds. Crédito: Subponderar indústrias/bens de capital; seletivo em BBBs com diversificação de exportação. Ações: Viés para defensivos e exportadores de serviços; subponderar cíclicos pesados. | Taxas: Posições compradas de duration de curto prazo em títulos do governo sueco. Crédito: Cauteloso em imóveis/construção. Ações: Preferir crescimento de qualidade > cíclicos profundos; baixa exposição ao setor imobiliário. Câmbio: Comprado em SEK vs. EUR em dados melhores que o esperado; vender em dados fracos de trabalho/crédito. | Câmbio (Geral): Posição tática comprada em EUR vs. cesta NOK/SEK sobre divergência do mercado de trabalho nórdico. |
| Catalisadores a Observar | Ritmo de demissões: Outra onda de milhares em Out/Nov adia o pico. | Falências: Rolagem (reversão) por 3+ meses consecutivos = "tudo limpo" para crédito à construção. | Catalisadores Gerais: • Estabilização das vagas (Eurostat). • Virada nos novos pedidos (PMIs). |
| Conclusão (Visão) | 10% não é o teto. A folga é pior do que os números indicam. Manter-se defensivo em cíclicos, favorecer duration. | Mais fraco do que a recuperação do PMI sugere. Tratar a força da SEK como tática; cauteloso no crédito à construção/PMEs. | Implementação: Posicionar-se antes dos lançamentos de dados nacionais com stops apertados; comparar o desemprego com vagas, horas trabalhadas e componentes de emprego do PMI. |
NÃO É UM CONSELHO DE INVESTIMENTO