
Consórcio de Abu Dhabi Oferece US$ 18,7 Bilhões Pela Gigante de Energia Australiana Santos
Consórcio de Abu Dhabi Lança Proposta Histórica de US$ 18,7 Bilhões Pela Santos Em Meio a Mudanças no Tabuleiro Global de Energia
A produtora australiana de petróleo e gás Santos recebeu uma proposta monumental de aquisição de US$ 18,72 bilhões (A$ 30 bilhões) de um consórcio do Oriente Médio, ressaltando o valor estratégico dos ativos de gás natural em uma era de volatilidade geopolítica e tensões da transição energética.
O grupo liderado por Abu Dhabi, encabeçado pela XRG, subsidiária da ADNOC, juntamente com a Abu Dhabi Development Holding Co. e a gigante de private equity Carlyle, ofereceu A$ 8,89 por ação em uma proposta 100% em dinheiro que representa um prêmio de 28% sobre o preço de fechamento anterior da Santos, de A$ 6,96.
O conselho da Santos, que havia rejeitado anteriormente duas ofertas confidenciais menores em março, de A$ 8,00 e A$ 8,60 por ação, indicou sua intenção de recomendar unanimemente aos acionistas que aceitem esta oferta "final", sujeito à due diligence confirmatória e ao não surgimento de propostas superiores.
Ficha Técnica do Negócio
Categoria do Fato | Detalhes |
---|---|
Partes | |
Empresa Alvo | Santos (segunda maior produtora de petróleo e gás da Austrália) |
Consórcio Adquirente | Liderado pela XRG (uma subsidiária da Abu Dhabi National Oil Co. - ADNOC), com a Abu Dhabi Development Holding Co. (ADQ) e a firma de private equity Carlyle também participando. |
Detalhes da Oferta | |
Valor Total do Capital Próprio | Aprox. US$ 18,72 bilhões (A$ 30 bilhões) |
Valor da Firma (EV) | A$ 35,6 bilhões (incluindo A$ 6,7 bilhões em dívida líquida) |
Oferta por Ação | A$ 8,89 por ação, descrita como a oferta "final" do consórcio. |
Forma de Pagamento | 100% em dinheiro |
Prêmio da Oferta | 28% sobre o preço de fechamento da Santos de A$ 6,96 em 13 de junho de 2025. |
Cronologia e Histórico | |
Data do Anúncio | Segunda-feira, 16 de junho de 2025 |
Ofertas Anteriores | Duas ofertas confidenciais foram feitas em março de 2025 a A$ 8,00 e A$ 8,60 por ação. |
Histórico Anterior de Fusões e Aquisições | A Santos teve conversas de fusão malsucedidas com a Woodside Energy em 2024. |
Status e Condições do Negócio | |
Status Atual | Proposta não vinculante. |
Próximos Passos | O consórcio recebeu acesso para realizar due diligence confirmatória. Negociações sobre um acordo de implementação do esquema estão programadas para começar. |
Recomendação do Conselho | O conselho da Santos pretende recomendar a oferta unanimemente caso se torne uma proposta vinculante, sujeito ao não surgimento de uma oferta superior e a um especialista independente a considerar justa. |
Obstáculos Regulatórios | O negócio exige aprovação do Conselho Australiano de Revisão de Investimentos Estrangeiros (FIRB), da ICCC e SEC de Papua Nova Guiné, e do Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS) para o ativo Pikka no Alasca. |
Aprovação dos Acionistas | O negócio está sujeito a votação dos acionistas, exigindo um limiar de aprovação de 75%. |
Razão Estratégica | |
Para o Consórcio | Adquirir ativos de GNL (como o projeto Barossa) com acesso aos mercados asiáticos, construir um negócio global de gás líder e obter ativos de CCS (Captura e Armazenamento de Carbono) como o projeto Moomba. |
Potenciais Contrapropostas | |
Woodside Energy | Mencionada como potencial contraproponente com 40% de probabilidade. |
Empresas Estatais Chinesas | Uma joint venture China CNOOC / PetroChina é mencionada como potencial proponente com 30% de probabilidade, embora enfrentando risco significativo do FIRB. |
Métricas de Avaliação | |
EV / EBITDAX (2024) | 6,4x |
EV / Reservas 2P | US$ 15,1 por barril de óleo equivalente (boe) |
Projeto Barossa, a "Joia da Coroa", Central para o Cálculo Estratégico
No cerne do interesse do consórcio está o projeto de GNL offshore Barossa da Santos, quase concluído, que observadores da indústria descrevem como o principal prêmio que impulsiona o momento da transação. A instalação de 3,7 milhões de toneladas por ano está 91% concluída e com previsão de entregar o primeiro gás no terceiro trimestre de 2025.
"O consórcio está se posicionando estrategicamente precisamente no momento em que Barossa cruza a linha de chegada", explicou um analista de energia que solicitou anonimato devido a relacionamentos com clientes dos proponentes. "Eles estão adquirindo não apenas reservas no papel, mas ativos prontos para produção, visando mercados asiáticos premium, onde os preços spot de GNL permanecem acima de US$ 11 por milhão de unidades térmicas britânicas, apesar dos desafios econômicos da China."
A proposta chega em um cenário de aumento dos preços globais do petróleo, com o Brent saltando 12% na última semana em meio à escalada das tensões Israel-Irã. Este ambiente geopolítico volátil intensificou a competição por ativos energéticos estáveis, particularmente aqueles que atendem à região Ásia-Pacífico.
Preocupações com a Segurança Nacional Pairam sobre a Revisão de Investimentos Estrangeiros
A proposta enfrenta obstáculos regulatórios significativos, com o Conselho Australiano de Revisão de Investimentos Estrangeiros (FIRB) esperando examinar a transação de perto. Está em jogo o controle estrangeiro sobre aproximadamente 15% das reservas de gás da Austrália e infraestruturas críticas que fornecem 70% do gás doméstico da costa leste do país.
As métricas de avaliação do negócio refletem um prêmio substancial em relação às normas da indústria. Com um valor da firma de A$ 35,6 bilhões (incluindo A$ 6,7 bilhões em dívida líquida), a oferta avalia a Santos em 6,4 vezes o EBITDAX e US$ 15,1 por barril de óleo equivalente em reservas 2P — posicionando-a no quartil superior globalmente.
"Isso não é apenas sobre os fluxos de caixa de hoje", observou um gestor de fundos de recursos naturais. "O consórcio está pagando pelas opções de crescimento da Santos — Barossa, Pikka no Alasca e Papua LNG — ao mesmo tempo em que adquire tecnologia de captura e armazenamento de carbono de classe mundial em Moomba que apoia o compromisso de zero líquido de carbono da ADNOC até 2045."
Paradoxo Ambiental Cria Dilema para Acionistas
A proposta cria um dilema acentuado para os investidores institucionais da Santos, 23% dos quais operam sob mandatos de zero líquido de carbono que conflitam com o compromisso de longo prazo com combustíveis fósseis representado pela vida útil operacional de 20 anos de Barossa.
A tensão ambiental é particularmente aguda dado o compromisso da Austrália de reduzir as emissões em 43% até 2030. Embora a Santos tenha apresentado seu projeto de captura e armazenamento de carbono de Moomba como um pilar de sua estratégia de sustentabilidade, críticos observam que ele compensa apenas 1,7% das emissões de Escopo 3 da empresa.
"O momento é deliberado", observou um especialista em finanças climáticas. "O consórcio reconhece que os ativos de combustíveis fósseis enfrentam pressão crescente de investidores institucionais. Ao oferecer dinheiro agora com um prêmio significativo, eles estão fornecendo aos acionistas conscientes das questões ESG uma saída elegante enquanto consolidam infraestrutura energética estratégica."
Movimentos de Xadrez Geopolítico Se Estendem Além das Fronteiras Australianas
A proposta representa o mais recente movimento na expansão estratégica de Abu Dhabi de seu portfólio global de energia. Para a XRG e a ADNOC, a aquisição da Santos forneceria um apoio crítico no fuso horário do Pacífico, complementando suas operações existentes e criando oportunidades de integração vertical.
Observadores da indústria notam que o consórcio poderia injetar cargas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) de baixo custo no suprimento de GNL de Darwin, potencialmente melhorando os pontos de equilíbrio do projeto em aproximadamente US$ 0,45 por milhão de unidades térmicas britânicas.
A aprovação regulatória provavelmente exigirá concessões substanciais para abordar preocupações de interesse nacional. Participantes do mercado antecipam que o consórcio pode precisar se comprometer